Reabilitação e Consumo Energético

Apesar do elevado número de construções novas no país nos últimos anos, o parque edificado é envelhecido. Segundo as análises efectuadas na Europa pelo Euroconstruct (ITIC, 2004), o número de construções novas em 2006 estabilizará e o mercado da reabilitação e renovação será o segmento mais dinâmico da construção.

A renovação e reutilização de edifícios existentes é uma das estratégias mais eficientes de sustentabilidade, pois envolve potencialmente menos energia incorporada 1 e delapidação de recursos naturais. A necessidade de intervenções de fundo em muitos dos edifícios constitui uma via bastante promissora na reabilitação em Portugal, ao nível das exigências funcionais e de satisfação dos níveis de conforto dos ocupantes (Canha da Piedade, 2000).

1 – Energia incorporada é a energia necessária para a extracção, fabricação e transporte de materiais de construção, até à energia gasta no processo de construção do edifício.

A construção é uma das actividades com maior impacto ambiental, consumindo 50% dos recursos naturais globais associados principalmente a construção nova, e envolve consumos de enormes quantidades de matérias primas e energia (Cóias e Silva, 2005).

Ao crescente consumo de materiais para a construção nova, com os consequentes consumos de energia, acresce ainda o facto da enorme produção de resíduos procedentes da demolição, que na maioria das vezes irão para vazadouros. Por isso, a par dos objectivos da Agenda 21 (CIB, 1999) para a construção sustentável se aponte a importância da reciclagem dos resíduos na construção.

Existe muita informação sobre a possível reciclagem dos materiais para a construção, como por exemplo as publicações realizadas pelo BRE Building Research Establishment para o Reino Unido (www.greenspec.co.uk).

Acima de tudo, considerando que mais de 90% da energia gasta ao longo da vida do edifício está associada à sua manutenção, há que ter em conta o facto que os edifícios antigos da Baixa foram construídos para cumprirem exigências de conforto sem a necessidade de sistemas de climatização e de iluminação artificial, possuindo assim desde logo um carácter de sustentabilidade, e podem ser sempre adequados com relativa facilidade às necessidades de desempenho ambiental através do recurso a estratégias de design passivo.